Midiatização e o entendimento desonerado
DOI:
https://doi.org/10.18861/ic.2019.14.2.2915Palavras-chave:
Epistemologia, tempo, inteligibilidade.Resumo
Desde há muito, como forma política, o conhecimento vincula-se às atividades da polis. Na história do Ocidente, desde Sócrates e Platão à fundação moderna do espaço público, ele se configura resposta constante às tentativas de equilíbrio da vida comunitária. Em sua modalidade contemporânea, tem atendido aos imperativos da chamada sociedade da informação, ocasião em que se depara com novas contingências −entre elas, talvez uma das mais significativas, a progressiva desoneração do entendimento humano quando das lógicas avaliativas que envolvem sua produção. Cada vez mais submetida a um tipo de racionalidade contábil, a produção do conhecimento é drenada pelos dispositivos de inteligência artificial, que respondem pela produção enunciativa da mensuração de resultados. Em suma, ao privilegiar o incremento da comutação de dados e seus respectivos mecanismos internos de inteligibilidade, as lógicas avaliativas promovem a desoneração do entendimento como expressão política, cuja aferição de valor expressaria as especificidades de cada campo científico. Como hipótese de trabalho, propõe-se o retraimento da imanência do humano (Sodré, 2014) na constituição dos saberes contemporâneos.Downloads
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